Rio bate o Vôlei Futuro e vai para a oitava final seguida contra o Osasco
Quando pisou na quadra, Fernanda Venturini trazia no rosto o sorriso de quem gosta de um momento decisivo. Não pensava que aquela poderia ser a partida que marcaria o seu adeus do vôlei. Pelo contrário. Afinal, tinha dado sua palavra à filha Júlia de que só depois de 14 de abril, dia da final da Superliga, teria todo o tempo do mundo para acompanhá-la em seus eventos. Nesta sexta-feira, a levantadora de 41 anos, que deixou a aposentadoria a pedido do marido e técnico Bernardinho, conduziu o Rio de Janeiro à vitória sobre o Vôlei Futuro, fechando a melhor de três em 2 a 1: 3 sets a 0 ( 25/23, 25/23 e 25/22). Com o resultado, a equipe heptacampeã brigará, pela oitava vez consecutiva, com o Osasco pelo título.
Fernanda Venturini, aos 41 anos, comemora como menina (Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo)
- Quando assinei meu contrato dizia que ia até 14 de abril - brincava Fernanda. - Se tivéssemos a Natália, a caminhada seria mais fácil. A gente não tem muitas peças de reposição, mas a Amanda entrou bem. Foi um 3 a 0 apertado, mas a gente sabia que se jogasse bem poderia ganhar por esse placar.
Amanda também não escondia a alegria. Deixou o banco num momento complicado no segundo set para substituir Regiane e acabou sendo fundamental. Além da vaga na decisão, levou também o prêmio de melhor jogadora.
- O trabalho de titulares e reservas é o mesmo. Você tem é que estar preparada toda hora, para quando o o Bernardinho chamar. Graças a Deus deu tudo certo. Atleta sabe que tem dias em que o jogo não sai e que vai ter
alguém em quem confia para sair do banco - disse, referindo-se a Regiane.
Do outro lado, Carol Gattaz lamentou a impaciência da equipe para finalizar jogadas decisivas.
- Acho que, em alguns momentos, a equipe pecou por não ter paciência de fazer algumas jogadas. Em algumas horas, não soubemos fazer taticamento que o jogo estava pedindo. Infelizmente, não soubemos ter a sabedoria para fechar os sets. Não foi o emocional, mas esses erros bobos não podem acontecer.
Rio domina ações
Fernanda Venturini vence bloqueio do Vôlei Futuro
na partida (Foto: Daniel Ramalho/ adorofoto)
Diante de um Vôlei Futuro preocupado, com expressão fechada, a equipe da casa tentava fugir no placar. Fernanda distribuía bem as bolas e abria 5/3. Duas precipitações fizeram o time de Araçatuba chegar ao empate. Valeskinha pedia calma. O Rio de Janeiro respirou fundo e partiu para o ataque. Fez 12/9 com uma bola de segunda de Fernanda e parecia pronto para deslanchar. Mas, para alegria do adversário e desespero de Bernardinho, os erros de saque e ataque voltaram a acontecer. Depois de abrir 18/14, deu pontos de graça, e o Vôlei Futuro acordou. Chegou ao empate (19/19) e tirou a tranquilidade das anfitriãs, que tiveram que suar para fechar o primeiro set: 25/23.
Apesar da derrota, Paula Pequeno e suas companheiras estavam em bom momento. Fecharam os ouvidos para as 11.600 pessoas que faziam a sua parte para pressionar. A arquibancada fervia, mas o Rio de Janeiro não mostrava a mesma força. Sheilla e Regiane levaram uma chamada de Bernardinho. O time precisava delas para sair daquele incômodo 8/3. Não demorou muito para chegar ao empate (10/10). Só que passar... A equipe de Araçatuba voltou a abrir (20/16) e caminhava a passos largos para uma vitória na parcial. Não podia esperar que o rival fosse ter tanta força para reagir. A arquibancada pedia por uma virada, e ela veio com a preciosa contribuição de Amanda, que saiu do banco para substituir Regiane. O Maracanãzinho explodiu. Fernanda abraçava as companheiras, olhava para o céu e agradecia: 25/23.
Faltava apenas um set para a levantadora chegar à final. Do outro lado da quadra, o técnico Paulo Coco passou o intervalo conversando com Ana Cristina. Precisava achar uma forma de colocar sua equipe de novo nos trilhos. Nada funcionava. Cheio de moral, o Rio de Janeiro fez rapidinho 7/1. Aos pouquinhos, passado o susto, o Vôlei Futuro foi chegando. E quando menos esperava, já comandava o marcador: 11/10. As anfitriãs ficaram mordidas e foram buscar. Com dois bloqueios de Mari fizeram 18/16 e não olharam mais para trás. O time de Araçatuba sentiu o golpe e deu adeus ao não conseguir defender um ataque de Mari. Do outro lado, Fernanda sonha colocar o 13º título em sua galeria.
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