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A triste situação do futebol de Mato Grosso

Times desclassificados do Campeonato Estadual de Futebol, agora vivem um momento de indefinição. Com dívidas e uma pausa de aproximadamente três meses no calendário, presidentes de clubes não sabem o que vão fazer. A próxima competição, a Copa Mato Grosso, só deve começar no final de julho ou inicio de agosto. Reuniões marcadas para os próximos dias vão definir os rumos de jogadores e comissão técnica de cada time. A maioria ficará desempregada. "O campeonato é altamente deficitário e nesse momento nossa primeira preocupação é pagar as dívidas que ainda restam", disse o presidente do Barra do Garças, Carlos José Sávio de Carvalho.

A situação do Mixto

Situação dramática vive o time do Mixto, da capital. Sem recursos e com dívidas já vencidas, o time agoniza há cerca de um mês de estrear na Série 'C' do Campeonato Brasileiro. O time conquistou com muita determinação, no ano passado, o direito de parmanecer na Série C. Ficou entre os 16 melhores clubes do país. O grande desafio dos próximos meses é permanecer na mesma divisão para 2010. Cair para Série 'D' é algo que nem passa pela cabeça da torcida.

A diretoria que estava à frente do time renunciou na semana passada e agora o Conselho Deliberativo deve eleger um novo presidente. Uma decisão sobre a situação do Mixto deve ser tomada nesta terça-feira (28). Até o momento, jogadores e comissão técnica não têm nenhuma posição sobre o futuro do time. Muitos estão com salários atrasados e aguardam o pagamento. O roupeiro ainda tem salários atrasados de 2008. Luis Carlos Júnior está no Mixto há cinco anos e acumula as funções de roupeiro e massagista. Júnior, como é chamado, ainda guarda as lembranças da alegria do Campeonato Estadual do ano passado.

"A gente tinha um projeto para a Série 'C', mas agora eu não sei o que vai acontecer", disse o preparador físico Fumanchu. Ele também tem saláros atrasados para receber. "É uma situação triste depois do sucesso na série 'C', com vitória contra o Paraná lá em Curitiba, um time conhecido em todo o país pela brilhante campanha e, agora encar tanta dificuldade para trabalhar como estamos enfrentando este ano", disse.

Mesmo desclassificado do Estadual, os jogadores e o técnico Wilson Carrasco permanecem na capital. Eles só devem deixar Cuiabá após um acerto com o clube. O grupo ainda não sabe quem permanecerá no time para a Série C. O clube chegou a comercializar o jovem atacante Igor com o Paraná Clube, mas nem assim, até agora, conseguiu cobrir as despesas do Estadual.

O Sinop não sabe como será o futuro

No Sinop a situação também é de indenifinição. Parte da comissão técnica e jogadores de outros estados já receberam os salários e deixaram Mato Grosso. O Sinop conta com 12 jogadores que do próprio estado. Alguns subiram da categoria de base e têm contratos até o fim do ano. Mas no momento o time ainda não sabe como será o futuro, se vai disputar ou não a Copa Mato Grosso. O clube também tem pendências financeiras que devem ser resolvidas nos próximos dias. A diretoria também tem reuniões marcadas.

O time também aguarada o julgamento de um recurso protocolado junto o Superior Tribunal de Justiça Desportiva, no Rio de Janeiro. O time não conseguiu resultado o objetivo na Justiça Desportiva no estado, onde acusou o Mixto de atuar com jogadores irregulares. Se tiver o recurso acatado no STJD, quem deve cair para a segunda divisão é o Mixto e o Sinop permanecerá na primeira.

Em Rondonpólis

No União de Rondonópolis, até o momento nenhuma posição. A diretoria vai definir ainda esta semana quando deve dispensar o elenco. Para parte da diretoria é inviável manter um grupo de jogadores por dois ou três meses sem disputar nenhuma competição. As fontes ouvidas pelo site da TV Centro América não confirmaram, mas há informações de que os gastos do time no Estadual podem ter passado dos R$ 600 mil. Os contratos de vários jogadores encerram-se no final de maio.

A visão do empresário que dirige o Barra do Garças

Sob o comando do técnico Birigui o Barra do Garças fez uma boa campanha na primeira fase do Estadual. Mas na segunda fase o time se complicou e acabou eliminado, mas ainda luta para se manter na fase semifinal. O time entrou com um recurso contra o Vila Aurora na Justiça Desportiva. Segundo a diretoria, o Vila jogou com um atleta irregular na segunda fase. O Barra aguarda ansioso a decisão da justiça e sonha com a vaga na semifinal. Mas, independende disso, o presidente terá reuniões esta semana com objetivo de preparar um time para a Copa Mato Grosso. O técnico Birigui deve permanecer em Barra.

De acordo com o presidente do time, Carlos José Sávio de Carvalho, é preciso ser fanático para comandar um time de futebol no Estadual. "No ano passado eu assumi um prejuízo de aproximadamente R$ 300 mil. Este ano temos hoje mais R$ 250 mil de dívidas. Com os recursos que vamos receber do estado e um apoio da Prefeitura aqui, ainda pode sobrar um dívida de mais de R$ 100 mil. E quem vai assumir? Sobra para o presidente!

Empresário muito franco, Carlos José Sávio foi objetivo com a reportagem do site da TVCA. Ele explicou que não há mágica. Os clubes de Mato Grosso não conseguem arrecadar o que gastam em uma competição. Ele explicou que a única excessão em termos de público é Rondonópolis. "A torcida do União é fiel. Em alguns jogos o público chega a quase 10 mil pessoas. A renda pode passar de R$ 100 mil e com alguns patrocinadores a diretoria tem mais fôlego para pagar as dívidas, mas nas outras cidades a situação é complicada", disse.

Em Barra do Garças, por exemplo, com ingressos de R$ 10 e R$ 5, a média de público foi de mil pagantes, renda média de R$ 8 mil. "Tirando a parte da federação e pagando outros custos para a realização de uma partida, sobra muito puco para o clube". O patrocínio dos clubes de futebol hoje, no estado, é visto mais como ajuda. "É dois mil de um, mil de outro, é assim os patrocínios que você consegue na cidade. Com um custo médio de R$ 100 mil por mês, no final da competição você tá com um buraco financeiro de R$ 200 a R$ 300 mil. É assim", explicou.

Parceria Público-privado

Sávio é empresário do setor frigorífico. Para ele só há uma saída para o futebol estadual: forte investimento nas categorias de base, com resultados que só devem aparecer em cinco anos, e uma forte parceria público-privado. "É preciso criar uma forma de incentivo envolvendo grandes empresas e renúncia fiscal em prol do futebol. Aí tem que fazer um tralho sério de fiscalização e acompanhamento de cada clube por parte da federação e poder público, responsabilizando cada presidente de clube beneficiado. Só assim passaremos de importador a exportador de jogadores. Quando atingirmos essa fase aí os clubes conseguirão se manter, com renda da venda de jogadores. Hoje a situação é complicada.

Carlos José Sávio está tentando implantar o modelo em Barra do Garças. O time está com jogadores adolescentes em alguns clubes de Minas Gerais e São Paulo, mas o dinheiro só chegará ao Barra se esses meninos fizerem sucesso em um grande clube. "Do contrário continuaremos com sérias dificuldades financeiras como ocorre hoje, sem renda e presidentes endividados, respondendo pelo rombo que fica após cada campeonato. Para encarar, só mesmo tendo bala na gulha, ou alguém que banque, porque a receita hoje não dá pra cobrir os custos", disse.

Fonte: TV Centro América

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